Fazer a coisa certa merece reconhecimento ou não?

May 2, 2022

Programas de compliance bem-sucedidos geralmente surgem em organizações aonde o exemplo vem de cima. Não paira nenhuma dúvida sobre o principal fator de sucesso em tais programas: o engajamento da alta gerência, ou a cultura do exemplo. Não há como um programa de compliance prosperar de outra forma.

A questão que se impõe é como engajar o restante da organização, já que atividades e ações que precisam ser conduzidas não ficam a cargo exclusivo da alta gerência.

Algumas organizações preferem focar em medidas disciplinares, com o propósito de deixar claro que, se algum colaborador transgredir deliberadamente alguma norma da empresa, sofrerá uma sanção correspondente e proporcional à sua ação. Aparentemente, o caráter mandatório do cumprimento das normas, associado a um conjunto de medidas disciplinares em caso de descumprimento, parece ser a medida mais adequada para obrigar os colaboradores de uma organização a não sair da linha.

A questão, porém, é muito mais complexa do que parece. Organizações que prestigiam esse cenário costumam ter problemas inesperados, especialmente diante de um aumento de pressão sobre seus colaboradores por resultados. Cumprir normas passa a ser “uma pedra no sapato” e algo que deveria ser encarado de maneira muito positiva por todos os colaboradores passa a ser encarado como um estorvo, um obstáculo a resultados que precisa ser ludibriado na primeira oportunidade, pois o que contará no fim do dia é o atingimento de alguma meta.

Em empresas onde prevalece a cultura acima, o discurso reinante na área de Recursos Humanos é o de que fazer a coisa certa é o mínimo que se espera de cada colaborador e, portanto, não é cabível a premiação ou o reconhecimento em razão disso. Ledo engano.

Colaboradores são seres humanos e não máquinas. Portanto, ao lado da racionalidade encontra-se a inteligência emocional, e nada motiva mais um ser humano do que reconhecimento. Além disso, nada melhor do que promover reconhecimento para alguém que faça algo positivo e que contribua para a solidificação da cultura ética da organização.

A promoção do reconhecimento interno àqueles que atuam da maneira correta não implica na extinção das medidas disciplinares para a aplicação de sanções àqueles que igualmente as merecem. Porém, a falta do reconhecimento àqueles que agem da maneira correta acaba por conferir à cultura de compliance o manto negro do “fogo amigo” que colocará em risco o atingimento das metas definidas para o colaborador.

Em 22 de abril de 2022, o “Wall Street Journal” noticiou um evento de dois dias organizado pelo Practising Law Institute, acerca da Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) – a lei anticorrupção norte-americana – em Nova York (EUA), quando houve um consenso por parte dos palestrantes a respeito do seguinte racional:

“OS INCENTIVOS QUE OS COLABORADORES RECEBEM DENTRO DE SUA ORGANIZAÇÃO PARA SEREM ÉTICOS E CUMPRIREM INTEGRALMENTE AS LEIS DOS EUA DESEMPENHAM UM PAPEL CRUCIAL NO ESTABELECIMENTO DA CULTURA CERTA.”

A conclusão acima é perfeita! Programas de compliance eficientes conjugam medidas disciplinares e um plano de reconhecimento, de acordo com a atitude de seus colaboradores.

A questão a se indagar é a respeito de qual seria o método mais apropriado para implementar esse plano de reconhecimento.

Algumas ações despontam como mais lógicas e coerentes:

1. Estabelecer um orçamento adequado para reconhecer a boa conduta dos colaboradores.

2. Dedicar objetivos ou indicadores de desempenho como critérios para caracterizar o atingimento de metas relacionadas à boa conduta.

3. Trabalhar a comunicação interna de forma a informar a equipe sobre aqueles colaboradores que foram reconhecidos por sua boa conduta.

4. Evidenciar com o destaque devido e reconhecimento imediato qualquer ato relevante de boa conduta que sirva como um exemplo e uma boa prática para os demais colaboradores.

5. Por meio da avaliação de risco, identificar cargos mais sujeitos à pressão de metas agressivas de negócio, que possam desvirtuar a conduta de seus ocupantes, a fim de serem implementadas medidas preventivas para mitigar tais riscos.

Além de todo o exposto, o reconhecimento acabará contribuindo para que os colaboradores encarem o cumprimento das regras não como um ônus, mas como um bônus para si e para o negócio, prevenindo, assim, riscos que poderiam impactar a empresa, seja financeiramente, seja maculando a sua imagem ou reputação.

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A questão que se impõe é como engajar o restante da organização, já que atividades e ações que precisam ser conduzidas não ficam a cargo exclusivo da alta gerência.

Algumas organizações preferem focar em medidas disciplinares, com o propósito de deixar claro que, se algum colaborador transgredir deliberadamente alguma norma da empresa, sofrerá uma sanção correspondente e proporcional à sua ação. Aparentemente, o caráter mandatório do cumprimento das normas, associado a um conjunto de medidas disciplinares em caso de descumprimento, parece ser a medida mais adequada para obrigar os colaboradores de uma organização a não sair da linha.

A questão, porém, é muito mais complexa do que parece. Organizações que prestigiam esse cenário costumam ter problemas inesperados, especialmente diante de um aumento de pressão sobre seus colaboradores por resultados. Cumprir normas passa a ser “uma pedra no sapato” e algo que deveria ser encarado de maneira muito positiva por todos os colaboradores passa a ser encarado como um estorvo, um obstáculo a resultados que precisa ser ludibriado na primeira oportunidade, pois o que contará no fim do dia é o atingimento de alguma meta.

Em empresas onde prevalece a cultura acima, o discurso reinante na área de Recursos Humanos é o de que fazer a coisa certa é o mínimo que se espera de cada colaborador e, portanto, não é cabível a premiação ou o reconhecimento em razão disso. Ledo engano.

Colaboradores são seres humanos e não máquinas. Portanto, ao lado da racionalidade encontra-se a inteligência emocional, e nada motiva mais um ser humano do que reconhecimento. Além disso, nada melhor do que promover reconhecimento para alguém que faça algo positivo e que contribua para a solidificação da cultura ética da organização.

A promoção do reconhecimento interno àqueles que atuam da maneira correta não implica na extinção das medidas disciplinares para a aplicação de sanções àqueles que igualmente as merecem. Porém, a falta do reconhecimento àqueles que agem da maneira correta acaba por conferir à cultura de compliance o manto negro do “fogo amigo” que colocará em risco o atingimento das metas definidas para o colaborador.

Em 22 de abril de 2022, o “Wall Street Journal” noticiou um evento de dois dias organizado pelo Practising Law Institute, acerca da Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) – a lei anticorrupção norte-americana – em Nova York (EUA), quando houve um consenso por parte dos palestrantes a respeito do seguinte racional:

“OS INCENTIVOS QUE OS COLABORADORES RECEBEM DENTRO DE SUA ORGANIZAÇÃO PARA SEREM ÉTICOS E CUMPRIREM INTEGRALMENTE AS LEIS DOS EUA DESEMPENHAM UM PAPEL CRUCIAL NO ESTABELECIMENTO DA CULTURA CERTA.”

A conclusão acima é perfeita! Programas de compliance eficientes conjugam medidas disciplinares e um plano de reconhecimento, de acordo com a atitude de seus colaboradores.

A questão a se indagar é a respeito de qual seria o método mais apropriado para implementar esse plano de reconhecimento.

Algumas ações despontam como mais lógicas e coerentes:

1. Estabelecer um orçamento adequado para reconhecer a boa conduta dos colaboradores.

2. Dedicar objetivos ou indicadores de desempenho como critérios para caracterizar o atingimento de metas relacionadas à boa conduta.

3. Trabalhar a comunicação interna de forma a informar a equipe sobre aqueles colaboradores que foram reconhecidos por sua boa conduta.

4. Evidenciar com o destaque devido e reconhecimento imediato qualquer ato relevante de boa conduta que sirva como um exemplo e uma boa prática para os demais colaboradores.

5. Por meio da avaliação de risco, identificar cargos mais sujeitos à pressão de metas agressivas de negócio, que possam desvirtuar a conduta de seus ocupantes, a fim de serem implementadas medidas preventivas para mitigar tais riscos.

Além de todo o exposto, o reconhecimento acabará contribuindo para que os colaboradores encarem o cumprimento das regras não como um ônus, mas como um bônus para si e para o negócio, prevenindo, assim, riscos que poderiam impactar a empresa, seja financeiramente, seja maculando a sua imagem ou reputação.

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