Independente de um colaborador ser contratado mediante contrato de trabalho ou apenas mediante assinatura na carteira de trabalho e previdência social, não se discute o seu dever inicial de lealdade à empresa, que, afinal, paga a sua remuneração pelos serviços lá prestados e espera, em contrapartida, o seu comprometimento em dar o melhor de si para o desenvolvimento do negócio da corporação.
Dessa forma, se o colaborador valer-se da sua posição para algum proveito próprio, em detrimento ao seu dever de defender o negócio, estará incorrendo em uma grave situação de conflito de interesses, que pode não apenas custar-lhe o emprego, mas também a responsabilização por eventuais prejuízos financeiros ou mesmo danos à imagem e à reputação da empresa.
É bem verdade, que quando alguém aplica a um processo de recrutamento e seleção, um dos principais atrativos é a percepção do clima organizacional da empresa. Passar 8 horas diárias dentro de uma organização, torna imperioso um ótimo ambiente de trabalho, sob pena da experiência laboral se tornar um pesadelo diário.
Porém, relações humanas são uma caixa de pandora, no sentido de serem imprevisíveis as reações de lado a lado, diante de determinadas circunstâncias e sob pressão. Pessoas cultivam diferentes valores, exibem diferentes personalidades e alimentam diferentes graus de ambição e vaidade.
O problema é quando o destino lhe coloca em uma situação na qual você precisa tomar uma decisão entre ser leal à empresa ou ser leal ao seu chefe. E não pense que essa situação é rara, porque não é…. nem sempre a melhor decisão é de agrado do seu chefe. E por vezes, nem sempre a vontade do seu chefe é o que requer o negócio. A quem devotar lealdade: à empresa ou à chefia.
A resposta é simples, embora as consequências possam ser complexas. Você pode pensar que eu responderia de maneira sucinta que a sua lealdade deveria ser devotada à empresa, que lhe remunera e que, por conseguinte, espera de você comprometimento em retribuir a melhor qualidade de serviço possível. Mas não penso dessa forma!
Não obstante uma empresa possuir um programa de compliance e uma cultura de compliance implementada, cultivando nobres valores corporativos, a mesma é conduzida por seres humanos, cujos valores e motivações para a tomada de decisão, podem contrariar os nobres valores corporativos acima. Situação que, pode, inclusive, acarretar uma irresignação de sua chefia diante de tal situação.
De outra forma, pode ocorrer que a sua chefia, em razão de valores e motivações igualmente diversos, pode adotar postura conflitante com os nobres valores corporativos da empresa.
Diante disso, a recomendação é fazer o certo! Devotar a sua lealdade ao lado que age corretamente… ao que é certo, segundo o seu entendimento. Isso nem sempre é fácil, pois tal postura, pode ter consequências que podem chegar até ao seu término de contrato de trabalho. Porém, a sua omissão, quando a mesma seja possível, tenderá a tornar insuportável a sua rotina diária de trabalho.
Se a sua empresa tiver uma política séria de não retaliação, uma alternativa é denunciar a situação, a fim de que a empresa possa tomar as ações corretivas para resolver o problema interno.
Todavia, se o causador do problema interno for o dono da empresa ou o seu gestor máximo, possivelmente, não restará a você, senão repensar a alternativa de ir ao mercado e buscar ares mais saudáveis e salubres.
A necessidade de uma remuneração no fim do mês para fazer frente às despesas e a comodidade de poder contar com um valor fixo para planejar os seus gastos podem ser um grande empecilho para que você possa tomar a melhor decisão. Porém, existe vida fora da sua empresa! E existem outras empresas tão boas ou melhores precisando de um profissional com a sua qualificação.
