Embora a sede da International Organization for Standardization (ISO) esteja situada em Genebra, Suíça, poucos sabem que essa organização nasceu a partir de uma reunião ocorrida em Londres, Inglaterra, em 1946, logo após o fim da 2ª guerra mundial. Nesse encontro, 65 delegados de 25 países buscaram discutir o futuro de uma padronização internacional em diversas áreas.
Em 1947, nasce oficialmente a ISO contando com 67 comitês técnicos. Posteriormente, em 1949, a ISO muda-se para um pequeno escritório em Genebra e, a partir de 1950, passa a contar com uma Secretaria Geral composta por 5 membros.
Porém, a ISO publicou sua primeira norma padronizada em âmbito global somente em 1951. Tal a norma era conhecida como “Recomendação” e, portanto, ganhou a sigla ISO/R 1:1951 – Standard reference temperature for industrial lenght measurements. Diga-se de passagem que essa norma existe até hoje, embora tenha sido inteiramente reformulada, sendo hoje conhecida como ISO 1:2022 – Standard reference temperature for geometrical product specification.
Outro marco na entidade foi a publicação da norma ISO 31, baseada no SI (système international d´unités) estabelecendo os padrões para quantidades e unidades em âmbito global, buscando uma uniformização. Posteriormente essa norma foi substituída pela ISO 80000.
A partir dos anos 60, a ISO demonstrou uma preocupação adicional com os países em desenvolvimento, criando o Committee for Developing Country Matters (DEVCO) em 1961. Esse comitê passou a oferecer a “associação correspondente” a partir de 1968, uma forma de permitir que esses países fossem informados a respeito dos serviços de padronização internacional, sem a necessidade de arcar com os custos da associação regular à ISO. Atualmente, a ISO tem aproximadamente 50 países que usufruem da associação correspondente.
As normas da ISO são tão abrangentes que, em 1968, a organização padronizou o transporte por contêineres e mudou em definitivo a forma como são feitas atualmente as importações e as exportações. Essa padronização trouxe uniformidade na embalagem e no trânsito de mercadorias ao redor do mundo.
Em 1971, a ISO criou seus primeiros 2 comitês técnicos no campo ambiental: (i) qualidade do ar e (ii) qualidade da água. Atualmente, esses comitês foram anexados a outros grupos de especialistas, abrangendo inúmeros assuntos como qualidade do solo, gestão ambiental e energia renovável.
Sem sombra de dúvidas, o grande diferencial na história da ISO foi a publicação da família de normas 9000, a partir de 1987. Essas normas tratam de um sistema de gestão da qualidade, focando no aperfeiçoamento da qualidade de produtos e serviços, de maneira a atender às expectativas dos seus clientes.
A partir de 1995, houve a migração da ISO para o mundo digital, passando a disponibilizar suas normas em formato digital.
Outro paradigma para a ISO foi o lançamento da família de normas 14000 em 1996, a respeito da gestão ambiental. Essas normas permitiram que empresas e organizações identificassem e controlassem o seu impacto ambiental.
Em 2005, a ISO juntou-se à International Electrotechnical Commission (IEC), uma organização internacional que também tem como propósito a padronização de normas voltadas para as tecnologias elétricas, eletrônicas e afins, para lançar uma norma de suma importância para os dias atuais. Trata-se do sistema de gestão de segurança da informação, por meio da publicação da família de normas 27000. Essa família de normas se tornou uma das mais relevantes atualmente disponibilizadas pela ISO.
Em 2010, a ISO também trabalhou em normas padronizadas para a responsabilidade social, ao publicar a família de normas 26000.
Atenta ao desenvolvimento do ambiente de negócios e preocupações ambientais, a ISO lançou a norma 50001 em 2011. Essa norma oferece aos setores públicos e privados a gestão de estratégias para aperfeiçoar a eficiência energética e a redução de custos.
Em 2016, a ISO publica uma poderosa ferramenta para ser utilizada no combate à corrupção, a norma 37001. Essa norma tem o propósito de auxiliar as organizações a mitigarem os riscos de corrupção em suas operações, reduzindo riscos corporativos e custos e criando um modelo de negócios gerenciável para prevenir, detectar e endereçar a corrupção.
Após 70 anos desde sua fundação oficial em 1947, ou seja, em 2017, a ISO já contava com 163 membros e um total de 21000 normas, representando um progresso notável ao longo de sua trajetória.
Com um olhar clínico nas condições de trabalho ao redor do mundo, a ISO lançou a família de normas 45000 em 2018. Essas normas estabelecem padrões globais a serem adotados na saúde ocupacional e na gestão de um sistema de segurança no trabalho, almejando auxiliar empresas e organizações de qualquer tamanho a reduzir doenças e acidentes decorrentes do trabalho desempenhado por seus empregados.
No ano seguinte, em 2019, a ISO voltou-se para uma norma relevante com respeito à gestão da inovação, a ISO 56002. A organização almejava manter negócios de quaisquer tamanhos ágeis, adaptáveis e resilientes para encarar desafios atuais.
A ISO igualmente preocupou-se com a igualdade entre homens e mulheres ao criar em 2019 o ISO Gender Action Plan. Esse plano descreveu cinco áreas prioritárias que se concentram na recolha de dados, na criação de uma rede para partilhar as melhores práticas e na sensibilização para as normas de apoio à igualdade de gênero e ao empoderamento das mulheres.
Um fato igualmente relevante, diante de uma situação nova para todo o mundo durante a pandemia causada pela COVID-19, foi a publicação da norma ISO/PAS 45005. Essa norma visa estabelecer padrões para um ambiente de trabalho sadio e seguro.